[ a moda do
século XX ]

TCC WALDORF
Trabalho de conclusão de curso do ensino médio da Escola Waldorf Rudolf Steiner, sobre o tema livre A Moda do Século XX, projeto por Ana Miyazaki, orientado pela professora Hederly Nancy.
[ 2017 ]
“Dedicado a todas as mulheres
que se dedicaram a moda
como um momento de
libertação feminina”.
“A moda é uma variação tão intolerável
do horror
que tem de ser mudada
de seis em seis meses”.

Oscar Wilde
resumo
Até o final do século XIX, a história da moda não se separava da história do vestuário; nessa época, as pessoas se vestiam de acordo com suas classes sociais, a fortuna, a condição de vida ou seu tipo de trabalho. Porém, com a chegada do século XX, essa situação começou a mudar. Rapidamente, a aparência dos homens e das mulheres começaram a se alterar; a moda era influenciada pelos movimentos sociais, e foi mudando de acordo com a sociedade.
Hoje, no século XXI, a moda é cheia de estilos, todos misturados; ela é influenciada e influencia músicas, design, arte, entretenimento (cinema, games, televisão).
Cada pessoa tem seu próprio estilo.
Compreender a história da moda é compreender como surge o típico indivíduo do século XXI: transestético (consumidor de estéticas diversas, que se misturam, como, arte, design, música, moda etc.) e individualista. Este trabalho de conclusão de curso analisa os movimentos da moda do século XX e sua relação com a arte e movimentos socioeconômicos para mostrar como é a moda e o indivíduo do século XXI.



introdução
Estética significa aquele que nota, que percebe. É conhecida como a filosofia da arte, e em geral, entende-se como o estudo do que é belo nas manifestações artísticas e naturais.
A estética aborda o sentimento que alguma coisa bela desperta dentro de cada indivíduo, sendo tudo que desperta sentidos e que é captado por ele: o grotesco, o feio, o engraçado, o estranho, etc. É uma forma de conhecer, pois é pelos sentidos que o ser humano entende o mundo.
A palavra vem do grego
aisthetiké. Para os filósofos gregos, estética era muito importante: uma vida boa era uma vida bela, e ser ético era buscar a beleza. Platão foi celebrado como o primeiro fundador verdadeiro da estética e suas ideias permanecem até hoje. No renascimento o pintor e arquiteto Michelangelo Buonarroti (1475-1564) interpreta Platão dizendo que a arte não imita uma forma ideal, a arte liberta a forma ideal que está escondida na matéria silenciosa.
O vestuário é um tipo de estética que não serve apenas para agasalhar nossos corpos. A moda atualmente tem um papel muito importante para nós. A nossa individualidade é contribuída pôr o que vestimos e nos dá pistas sobre quem nós somos, quem queremos ser ou o que queremos que os outros pensem sobre nós.
Mesmo as pessoas que não tem grande conhecimento sobre a moda vão poder reconhecer especificas tendências, ou até mesmo referências históricas, principalmente quando se trata da moda nos seus períodos de vida.
Antigamente, a moda significava uma maneira de ser. Os modos de vida eram resumidos aquilo que faz, aquilo que veste, aquilo que diz. A moda torna-se um negócio de especialistas. Alguém sempre ditou a moda. No começo, eram a realeza. Os estilistas foram, pouco a pouco, subindo todos os degraus da hierarquia social. Ontem servindo uma sociedade cheia de privilégios, agora eles os ensinam. Suas empresas apoiam-se cada vez mais nos grupos financeiros de que agora fazem parte.
Inversamente ao antigo sentido da moda, que refletia solidão, hoje sua imagem tem versatilidade de inspirações e múltiplos conceitos; moda hoje em dia não é nada fácil.
Para entender a moda de hoje, é preciso entender a sua história. A moda reflete arte, música, sociedade, momento político e movimentos sociais, influencia e é influenciada por isso.
A moda surge no século XX pois tudo muda a partir de 1900. Com a revolução industrial e a mudança das pessoas do campo às cidades, as pequenas costureiras foram fechando seus comércios e foram-se abrindo as grandes magazines (lojas de departamentos) e o começo do prêt-à-porter (significado “pronto para vestir”, criada pelo estilista francês J.C. Weil depois da segunda guerra mundial; roupas eram criadas em grandes escalas comerciais).
O objetivo desse trabalho de conclusão de curso é justamente analisar a moda no seu contexto histórico no século XX de forma a compreendemos o momento estético que vivemos hoje e como a adoção de um estilo não reflete apenas a aparência de um indivíduo mas até a sua maneira de ser.
começo do século: 1900 – 1914
Os anos de 1900 a 1914 foram o período pré-guerra do século XX. Nesta época machista, apenas os homens tinham papeis importantes na sociedade, onde eles eram provedores do lar, aqueles que sustentavam a família. As mulheres, porém, não tinham tanta importância na sociedade. Eram educadas com o objetivo de reprodução e cuidados domésticos da casa; seus objetivos de vida não eram trabalhar e nem ganhar dinheiro. As mulheres respeitadas dessa época eram as casadas, ricas e sustentadas pelo marido. Elas se casavam jovens, e passavam o dia cuidando dos filhos ou fazendo atividades como tocar piano, por exemplo. As poucas mulheres que trabalhavam eram de classe baixa. Para sustentar os filhos, trabalhavam preparando alimentos, bordando, ou fazendo outros trabalhos manuais menos valorizados, porem ganhavam muito pouco e eram desrespeitadas pela sociedade.
Uma questão seria: porque a sociedade dessa época era tão machista? Levando em consideração a sociedade humana histórica, lembramos que a sociedade se transforma conforme os padrões de desenvolvimento da produção das normas sociais, e dos valores da época. Desde que o homem começou a produzir seus alimentos nas sociedades agrícolas no período neolítico, as definições dos papeis entre os gêneros começaram, havendo uma divisão sexual no trabalho, onde a mulher era marcada pela capacidade reprodutora enquanto o homem era considerado autoridade.

Nesta época (1900-1914), constituía-se uma considerável indústria de mão de obras nas artes da moda; tecidos, adereços, todos os tipos de acessórios femininos. No começo de 1900, grandes exposições universais abrem uma janela ao mundo, e assim, o comercio de luxo é o primeiro a beneficiar-se. Nascem assim as grandes megazines (lojas de departamento); Bonheur Des Dames, Bon Marche, Printemps, etc, e assim, nascia um luxo. Além da rigidez das estruturas sociais, as roupas seguiam a linha com espartilhos apertados que definiam uma silhueta. Infelizmente, a moda nessa época era elitista. E mesmo com a estrutura desconfortável por baixo, os vestidos eram extremamente delicados. Tecidos como chiffon, seda, e tule eram os mais utilizados e vinham em cores claras, tons pasteis. Bordados ricos, plumas, enfeites e laços também era muito utilizados. Os chapéus também tinham grande importância na vestimenta, Porém, o centro de produção não se afasta das regras dos jogos sociais de uma sociedade fechada. Com a declaração da primeira guerra mundial, a
Belle Époque vive seus últimos momentos de beleza. Com a guerra, esse estilo chique não será mais usado.
Começou assim uma futura influência da rua, onde as “grandes magazines” propõe roupas praticas, não ornamentais, para as mulheres. Vestidos chiques de cores pasteis viram passado, as calças entram em moda, e o luxo foi deixado de lado.
primeira guerra: 1914 – 1918
A grande guerra durou de 1914 a 1918. Causada pela partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, que gerou muitos desentendimentos entre as nações europeias, onde Inglaterra e França ficaram com muitos territórios para serem explorados e Alemanha e Itália tiveram que aceitar os poucos. Havia também uma grande concorrência econômica entre os países europeus, com disputa por mercados consumidores e matérias primas.
A moda e a guerra não se combinavam. Conflitos causam se mudanças de costumes. Com as grandes perdas masculinas da guerra, as mulheres tomaram lugares na sociedade que eram ocupados por homens; assim as mulheres foram obrigadas a trabalhar, exigindo roupas que se adaptem a suas novas atividades, surgindo uma nova maneira de se vestir.
As roupas naturalmente vão ficando com tons mais sombrios; cores que as mulheres não estavam habituadas; elas passam a usar calcas compridas, para conseguirem trabalhar nas fabricas. Guerra é um período de extremo sofrimento e a última coisa em que se pensa é em moda. E, por esta mesma razão, que a maneira de vestir daqueles que sobrevivem nestes momentos de extrema dor, é tão transformada. Não apenas a moda sofre transformações, mas também, e principalmente, os costumes da sociedade. Todo o glamour, luxo, suntuosidade e festas infinitas foram deixados de lado em prol de atividades mais imediatas.
É hora de atender os feridos e a trabalhar para sobreviver em tempos de racionamento.
o entre guerras: 1920 – 1940
Depois da guerra, crescem usos e objetivos que criam um rompimento com a sociedade do século XIX.
As carruagens são trocadas por automóveis, os cabelos longos são cortados curtos, os vestidos de cauda trocadas por aventais que batem nos joelhos, altezas perdem suas coroas, e as mulheres abandonam o espartilho.
As mulheres ficam com jeito de garotos, pois com influência da guerra, começam a copiar o vestuário masculino. Desaparecem as damas de companhia, diminuem os chapéus. São tantos os homens mortos, jovens ainda em campo de batalha, que os homens ficam em minoria; assim, os costureiros hesitam. Porém, a partir de 1925 se definirão os estilos a serem tomados; é o ano da grande exposição parisiense de artes decorativas. Ele é ligado ao estilo de arte déco, que tem como estilo uma silhueta reta e vestidos que não prendem o corpo, tendo assim o fim do espartilho. A exemplo dos novos movimentos artísticos, daqui por diante, cada período da moda, se fara anunciar com uma ponta de escândalo.
Desejos de mudanças e seus progressos, a euforia dos
années folles (anos loucos) tropeça na crise de 1929, também conhecida como a grande depressão, que foi uma grande crise econômica. Começa em Nova York. Depois ganha a Europa, por onde carrega o desemprego, quedas drásticas na produção industrial, a inflação e os regimes totalitários. A mulher modesta que não tem acesso as elegâncias, cose e recorre a sua própria máquina de costura.
A parisiense, com sua habilidade e talento, sabe confeccionar para si roupas charmosas, e Paris virar um centro chique.
Depois de ter aniquilado as formas na época de
Charleston, a elegância feminina dos anos 30 revaloriza o corpo, reencontrando uma elegância refinada que não provoca sobressaltos, fazendo o corpo reencontrar seu lugar.
Os cabelos têm comprimento médio e são ondulados. Os corpos mantem-se magro, esportivo, musculoso, porém o busto é valorizado novamente o natural com simplicidade são valorizados, fazendo eco ao neoclassicismo.
Trajes esportivos se popularizam, pois agora, com as ferrovias e o tempo livre, é possível viajar, dando início a uma indústria de lazer. Das calças aos maios, do pareo (saia de algodão) ao suéter. As maisons (casas de costura) se adaptavam para atender essa nova elegância. O entre Guerra é o período que foi dominado pelas mulheres. Destacam-se Madeleine Vionnet e Gabrielle Channel (Coco); duas personalidades incríveis, porém opostas. Vionnet é engenhosa, dedicada a construção do vestido. Chanel, ou Coco, se disposta a atender um estilo de um novo tipo de mulher: uma mulher livre. De um lado há uma escultura em movimento; e de outro, há uma gramatica viva. Além de Vionnet e Coco, Elsa Schiaparelli completara a trilogia feminina, trazendo para a alta-costura seu humor e todo tipo de acessórios criativos do prêt-à-porter contemporâneo.
madeleine vionnet
A grande arquiteta francesa Madeleine Vionnet (1876 – 1975) começou sua carreira trabalhando na Maison de Jacques Doucet, e abriu sua própria em 1912, porém fechando no inicio da primeira guerra. Quando reabriu, a fama surgiu a sua porta, costurando para famosas atrizes; essa foi a época onde os cinemas começam a se popularizar. Era conhecida por ser uma grande arquiteta do vestido clássico, o que a faz ser uma das mais respeitadas criadoras da moda. Gênio do corte enviesado, mesmo antes da primeira Guerra mundial, seus vestidos de noite adaptam-se ao corpo sem exageros ou disfarces, desprendendo uma sensação de leveza, dissimilando grandes pesquisas por uma aparente simplicidade. Vionnet cortava, trapeava, modelava seus tecidos em bonecas enormes, e após alcançar os resultados, passa as modelos para a escala humana, executados em mousseline, seda, crepe marroquino – materiais leves cujo caimento cria nobreza, liberdade e sensualidade. Madeleine aposentou-se em 1939.
gabrielle chanel
seu código de roupa
não deve ser
nem masculino
nem feminino,
tem que ser
o seu
”.
A parisiense Gabrielle, ou Coco Chanel, (1883 – 1971) contribuiu à todas as revoluções da moda nos anos loucos. Coco impõe a pratica de que roupas elegantes podem ser vestidas sem a ajuda de um vestido longo. Pelo fato de que as matérias-primas, após o termino da Guerra, estarem ainda em falta, ela impõe o uso da malha de jérsei, que até então era usada apenas por homens. Coco é a criadora do “chique pobre”, estava em estreita correspondência com grandes teóricos da modernidade. Ela populariza o uso de bijuterias ao invés de joias e libera o movimento feminino ao criar a bolsa de tiracolo. Coco, com sua infância miserável, saída do da belle-époque, compreende que somente o trabalho a livraria dessa condição, então o levou a seu mais alto grau de excelência, superando os homens com quem competia. A partir de agora, uma mulher bem vestida será uma mulher pouco vestida. Ela lembra as mulheres que é necessário gostar de si mesma antes de se deixar seduzir por imposições capitalistas. Além disso, ela promove que seu código de roupa não deve ser nem masculino nem feminino, tem que ser o seu.
elsa schiaparelli
A italiana Elsa Schiaparelli (1890 – 1973) era conhecida por seu estilo conceitual; agregou elementos do Manifesto surrealista (1924) à suas criações, além de ser primeira estilista a construir uma coleção temática. Contratou artistas plásticos e outros criadores famosos para criarem seus acessórios e tecidos, como por exemplo o grande pintor surrealista Salvador Dali, que tinha ideias de demostrar o inconsciente, o sonho e teorias freudianas. Os movimentos artísticos do cubismo e surrealismo tiveram influência sobre suas criações. Uma das suas mais famosas invenções foi o chapéu-sapato (1936), um chapéu feito com veludo, totalmente preto ou com rosa-choque, colocado de forma invertida na cabeça.
Elsa trabalhava com cores vibrantes, adereços nada discretos e cores extremamente chamativas.
a moda durante a ocupação: 1940 – 1945
Começa a segunda guerra mundial. Um dos mais importantes motivos da guerra foi o surgimento na Europa de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha surgiu o nazismo, liderado por Adolf Hitler, que pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes, reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, com poderes sem limites.
A Itália e a Alemanha passavam por uma crise econômica grave, com milhões de cidadãos sem emprego. Uma das soluções tomadas pelos governos fascistas destes países foi a industrialização, com a na criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos, como aviões de guerra, navios, tanques.
O ponto inicial para o começo da guerra aconteceu em 1939, quando o exército alemão invadiu a Polônia. Rapidamente a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. Formaram-se dois grupos: Aliados (Inglaterra, URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
A Guerra, porém, não impede as atividades de alta costura se perpetuar-se; mostrou-se mais. Para prever o uso de bicicleta, a maioria das saias já tem uma abertura lateral. Já idosa, Madeleine Vionnet se aposenta em 1941. Quanto a Chanel, apenas reabrira seus ateliês quando terminar o êxodo.
A grande tarefa de criar um novo estado francês não impede a costura. A parisiense permanece elegante, liberada e esportiva.
Nessa época, a Alemanha requisita mais da metade da produção francesa. A Alemanha quer uma fiscalização rígida, considerando integrar a moda francesa em Berlin e Viena. Os costureiros franceses tem seus ateliês deportados para as duas capitais, porem possuem modas diferentes comparadas a outra.
Desde 1937 como presidente da câmara sindical, Lucien Lelong, sustentado pelo governo colaboracionista, Lelong vai a Berlim constatar que os alemães estão prontos para implantar uma verdadeira indústria de costura, constatando que cada pais deveria ter o direito de ter sua própria moda.
“Não está no poder de nenhuma nação roubar de Paris o gênio criador da moda que lá é não somente uma explosão espontânea, mas também a consequência de uma tradição cultivada por uma infinidade de operários e operarias especializados e espalhados em muitos e diferentes tipos de trabalho”. Essa frase é do trecho do “Relatório Lelong sobre a costura francesa do período que vai de julho de 1940 a agosto de 1944”.
Esse trecho tem vários toques de sinceridade bastante convincentes para que, a partir do outono de 1940, os invasores respeitassem a autonomia da costura parisiense. Nesses tempos difíceis, há muito desemprego, mas mesmo com as dificuldades, a alta costura parisiense sobreviverá.
Enquanto a paz não é reencontrada, é a reciclagem de antigas vestimentas que permitem a população garantir-se seguros nos invernos rigorosos dos tempos da ocupação. A parisiense emagrece, suas roupas ficam mais pesadas e as solas de madeira dos sapatos também.
Saias até o joelho, casacos que fecham na frente com botões, e chapéus são o novo estilo da época.
estilo dior: os anos 50
Nos anos 50, após a guerra, houve uma grande expectativa de um mundo melhor, de um lado aqueles que gostariam que tudo mudasse e do outro, aqueles que gostariam que o mundo permanecesse igual a antes, seja nas artes quanto na moda. Nesse começo da década estabelecem-se as regras de um novo jogo, onde a moda não escapara. Dessa vez, um novo passo será dado em direção aos esquecidos da moda; daqueles que vivem com o dinheiro contado, e por isso, confinados a um tipo de roupa uniforme. Não importa a roupa, a vestimenta continua sendo a de confecção.
Em 1945, os Estados Unidos impõem seu modelo a Europa. Isso vai acelerar a padronização das tendências. “Não inveje mais as americanas e sua beleza” é o título de um suplemento do Fígaro, um jornal francês. Nessa beleza inscrevem-se, além dos progressos dos cosméticos e da pratica regular do esporte, hábitos de higiene não muito usuais da maioria dos franceses.
Francoise Giroud recorda: “Depois da Libertação, era preciso antes de mais nada ensinar a moça que se identificava com a revista a lavar-se, a trocar regularmente a roupa de baixo e cheirar bem.”
Consumados sob o impulso da Guerra, progressos tecnológicos quase sempre importantes vem ao encontro: Invenções no campo dos utensílios domésticos, melhores condições de habitação, desenvolvimento das comunicações, o gosto por novidades, etc. A TV tem um grande crescimento e o design começa a ser valorizado. As indústrias têxteis também renovam-se, principalmente graças aos materiais sintéticos, como o náilon, que, de tecido de para quedas, passa a ser usado nos departamentos de lingerie ou de malhas, trazendo facilidades. As meias são mais econômicas, pois agora podem ser rapidamente lavadas e não rasgam facilmente.
A moda agora será dominada por Christian Dior, restaurando-a. Opulência de materiais, silhueta adornada por joias, cintura justa, saia rodada no meio da barriga da perna; essas seriam algumas características. Justo no momento em que a libertação vê a mulher conquistar o direito de votar, de trabalhar, de guiar o próprio carro.
No caso das moças daquela época que eram da classe média, usavam geralmente saias com pregas, saias e vestidos com modelagens godês ou lisas, nada muito extravagantes. Já os rapazes utilizavam calças de fazenda, mais grossa no inverno e mais fina durante o verão, camisas e casacos, bem diferentes dos modelos que encontramos hoje em dia, pois naquela época as camisas e casacos eram mais fechados.
Quando falamos em anos 50, rapidamente nos lembramos das figuras que marcaram a época, como Marilyn Monroe e tantas outras. Essas mulheres eram símbolo da sensualidade da década de 50 e misturavam estilos da época. Toda essa revolução do mundo da moda teve início no fim da segunda guerra mundial. Época em que o mercado do tecido entrou em expansão, foi a partir daí que as mulheres começaram a se arrumar mais e passaram a ficar extremamente exuberantes.
christian dior
O início do reinado de Christian Dior (21 de janeiro de 1905 — 24 de outubro de 1957) estabelece um dos marcos mais importantes da moda do século XX. O nascimento de sua marca, em 1955, está na junção de duas etapas da moda. Dior tornou-se uma das personalidades mais famosas do mundo; sua moda celebrava um retorno aos valores mais tradicionais das mulheres.
Centenária em 1950, mas eternamente jovem, a alta costura pretende, graças aos novos meios de comunicação, dirigir-se ao mundo, não somente aos privilegiados, mas a todo o planeta. A moda de Christian Dior não propõe as massas o seu consumo, mas a toda uma sociedade o seu espetáculo.
Nascido em 1905, em Grandville, esse filho da burguesia francesa revela um talento especial para a criação de fantasias e para as artes decorativas. Depois de estudar ciências políticas, com um amigo ele abre uma galeria de pinturas, que não dura muito tempo.
Em 1938, Robert Piguet o contrata como modelista. Nessa época já havia começado a realizar algumas transformações na silhueta feminina quando, em 1946, é apresentado ao magnata dos tecidos, Marcel Boussac. Impressionado pela sua determinação, ele decide financiar a maison nova com que sonha Christian Dior, e em 1947, vai ficar famoso com sua primeira coleção. Cintura marcada, pequenos bustos encimando uma ampla saia… A elegância que nasce nesse minuto arranca de Carmel Snow, a ponderosa redatora da Vogue Americana, com a frase “this is the new look”. A expressão pega e imporá Dior aos Estados Unidos. Sempre fiel ao seu estilo, Dior mantem suspense e duas vezes por ano renova suas criações. Em 1949, Christian Dior assina os dois primeiros contratos de licença com sociedades americanas. O ano de 1950 vê a criação de uma sociedade incumbida do comercio por atacado e da difusão dos acessórios assinados da maison.
rock and roll: os anos 60
Até os anos 50, a alta costura manteve-se viva por Paris e suas parisienses. De 1960 a 1970, a transformação da moda na Europa vai ser radical; a partir daí, não haverá uma moda única. Fim dos anos 50 e agora começa uma nova década com muitas mudanças no comportamento, principalmente pelo início do rock and roll e o inesquecível Elvis Presley, o maior símbolo dos anos 60. No cinema, James Dean faz um grande sucesso. A década de 1960 foi considerada uma época de liberdade, principalmente para as mulheres. O que marcou esse período foram os jovens em suas lambretas, casacos de couro e topetes, inspirado em Elvis Presley e as moças com que antigamente usavam vestidos e saias com bolinhas, começavam a deixar de lado, dando lugar as calças cigarretes (calça justa com boca estreita). Nos anos 60 tantos as mulheres quanto os homens, deixaram o
estilo clássico de lado e engrenaram na rebeldia do Rock’n’Roll, o ritmo que fez sucesso e embalou e a década de 60.
A moda dos 60 foi revolucionária porque estava dando adeus à moda única e agora o que influenciava as pessoas na hora de se vestir era o comportamento. Sem dúvidas, o auge da época era as minissaias, quem a criou foi Mary Quant que dizia: “Não fui eu que inventei e sim a rua que inventou”. Em 1965, André Courrèges criou uma coleção de roupa que foi uma verdadeira revolução para a moda, em sua coleção estavam presentes roupas de linhas retas, minissaias, botas brancas, além das roupas espaciais, metálicas e fluorescentes com a visão já para o futuro. Enquanto isso, Saint Laurent criava os famosos vestidos tubinho que até hoje fazem sucesso com o público feminino.
yves saint laurent
A imprensa logo o batizou de “o pequeno príncipe da costura”. Influenciado por Dior e Chanel, Yves junta a alta costura de Dior com o vocabulário pratico de Chanel; a sigla YSL se adapta a todas as circunstancias, a todas as categorias dos clientes. Yves então inova na apropriação das mulheres.
Após a morte de Dior em 1957, Yves o sucede, com objetivo de abrir a própria mason em 1961. Ele inicia sua irresistível ascensão, conquistando não só redatoras de moda como também clientes importantes.
Em janeiro de 1966, ele ousa o primeiro smoking (paletó). Em julho, propõe a coleção pop art (movimento artístico com cores intensas e vibrantes). Nesse ano vê também a abertura da primeira butique Saint Laurent Rive Gauche. Alta-costura, prêt-à-porter, sapatos ou acessórios, peles, perfumes ou cosméticos, a marca apresenta notável unidade; e servira de referencia a todas aquelas que hoje fazem sucesso, com sua estética futurista, inspirada por Picasso e Mondrian.
a rua e a antimoda: 1968-72
É a primeira vez que a rua irrompe nos salões parisienses da alta costura. A população não obedecia ordens; de modo mais geral, é o amor livre que está virando a cabeça da geração. Não propriamente no sentido de sentimento, mas como ato reivindicado. Outros fenômenos vão nascer com um pé nos anos 60 e 70. Meios homossexuais, antes com medo de ser perseguidos, começam a expressar suas diferenças. De modo geral, a moda é inspirada pelos progressos e revoluções. A antimoda, nos dias de hoje, ainda propõe não permitir que algum criador contemporâneo deixe os fenômenos espontâneos nascidos na rua. A rua se coloca como uma verdadeira linha divisória entre a primeira e a segunda parte dessa obra. Quando Yves Saint Laurent introduz em suas coleções elementos como as calcas, agora usadas por mulheres na maioria dos lugares elegantes, as vezes até mesmo em trabalho, o jovem costureiro esta somente atualizando na butique uma tendência observada a muito tempo nas ruas de Londres e Paris.
“A alta costura está morta; eu quero mesmo é seduzir a mulher da rua”, afirma Emmanuelle Khanh em 1964. No final de 1960, o flower power, o estilo pop dá lugar a cultura hippie, havendo uma revolução verdadeiramente cultural. Celebrada como fonte de uma nova juventude, ela vai espalhar-se pelo mundo. Vivido como símbolo do individualismo pequeno-burguês, o vestuário tradicional se finge invisível e tenta adaptar-se. Assim, os bairros chiques verão aparecer cabelos cacheados, túnicas floridas, enfim, todos os acessórios de um paraíso artificial. Agora temos rapazes de cabelos compridos e moças usando calcas. Nos anos 70 a moda unissex prospera. Lança-se a mão de velhas técnicas artesanais e de influencias colhidas em culturas de etnias variadas. Todas as culturas emergem nas butiques. Também nesse ano vemos o retorno de imagens de um passado próximo. Proclama-se morte do bom gosto. Nos Estados Unidos, a soul music e um vasto movimento de emancipação dos negros propagam, no meio dos hippies, toda a sensibilidade da cultura africana com a americana. Elabora-se um radicalismo chique que influirá na moda de lantejoulas. Estilistas negros como Stephen Burrows ou Scott Barrie exercem uma influência determinante. Um dos contrapontos práticos e comerciais da antimoda nascera em Milão em 1967, com a abertura da butique de Elio Fiorucci, onde há uma mudança no eixo de Paris para Milão. Depois de ter criado sua marca em 1962, de se fazer notado pelas botas de borracha em cores vivas e pelas sandálias de plástico enfeitadas com margaridas, ele reúne nessa loja o centro febril da cidade, tudo aquilo que vai contra os princípios tradicionais do bom gosto. Tudo segundo as diretivas do momento: kitsch, retro, pop. A imagem chique e ao mesmo tempo chocante da galáxia Fiorucci. Na metade dos anos 70 há também um movimento punk; nascido por correntes musicais intensas; a geração punk vai espalhar-se pelo mundo para manifestar-se. A moda flertara nessas fontes perigosas para ali absorver novas fontes de inspiração, especializando-se em linhas de roupa onde se usa látex preto.
faça amor, não guerra: os anos 70
faça amor,
não guerra”.
O ritmo da moda se acelera rapidamente nos anos 70. Com uma abundância de invenções e proposições novas, transforma-se a rua, as mentalidades, os chiques e as aparências. No decorrer dos anos 70 impõe-se que o talento deve reivindicar sua identidade. Ao lado dos generalistas é preciso haver especialistas, já que na moda cada individualidade criativa constitui um caso especifico. Dessa maneira, haverá o caso dos jovens criadores. Nem todos compreendem isso de forma igual. De um lado, veremos jornais divulgando elegantes obras primas dos modelos dos últimos grandes costureiros, como Chanel, e de outro lado, veremos uma rebeldia hippie e romântica.
O hippie acabou virando modismo na década de 70, principalmente durante o festival de Woodstock em Nova York, onde o estilo acabou influenciando milhares de pessoas. As músicas dos Beatles e Pink Floyd eram
influenciadas pelo psicodelismo que acabou predominando na moda também. As roupas ganharam desenhos e cores psicodélicas, deixando a moda anos 70 muito mais colorida. As peças que eram muito utilizadas na época eram os coletes de couro ou jeans, assim como franjas e flores.
Por isso, falamos que o estilo romântico também predominou nos anos 70. A juventude era as que mais abusavam do romantismo com vestidos de babados e estampas florais.
O período foi de bastante revolução no comportamento dos jovens, tanto na música como na liberação sexual da mulher, com o surgimento da pílula anticoncepcional. Ambos sexos deixam de ser formais e passam a ser coloridos e psicodélicos, com cabelos bagunçados e naturais; a moda unissex vira modismo nos anos 70. Peças de couro e jeans viraram moda, estampas florais também. Panos e lenços eram amarrados no cabelo. Sapatos plataformas e colares com o símbolo da paz viraram o símbolo do momento. De tudo, o jeans de boca de sino foi o que mais teve destaque na época, principalmente se fosse um jeans surrado e cheio de enfeites hippies.
O lema da década era “faça amor, não guerra”, a famosa frase teve muita influência na moda.
yuppie: os anos 80
Artigos, analises, sínteses, exposições... a moda se espelha em um grande momento. Os anos 80 começam com a febre da música disco (estilo de música psicodélica, movimento de liberdade e expressão). Foi uma década extremamente renovadora e intensa, que lançava tendências em cenários culturais. Sem dúvidas, a moda anos 80 refletia muita alegria, versatilidade, diversão e ao mesmo tempo um toque de sensualidade, ousadia e sofisticação. Valor supremo de uma geração de yuppies (Young Urban Professionals), a aparência torna-se um fator complementar do desempenho; era um visual exagerado e poderoso. Mil ambições apoderam-se da juventude nascente. A criação da roupa e das atividades está a se tornaram fenômenos sociais. Acessórios como suspensórios e gravatas coloridas não poderiam faltar no vestuário das pessoas adeptas ao estilo “yuppie”.
O uso generalizado dos jeans sucederam o chique e o visual de algumas tribos reagrupadas cujas identificações são claramente reconhecíveis. Poderíamos dizer que a dependência de mulheres e homens com a moda não é uma imposição, é uma escolha. Para a camada que recebe bons salários, shopping é um esporte, a moda uma competição. Nos anos 80, a roupa de festa vai reflorescer. Haverá uma ressureição do smoking e vestidos longos. Os anos 80 verá, com a geração mais jovem, um retorno dos anos 50 e 60; as coleções se submetem a uma renovação frenética. O estilo que chamamos de retro, nada mais é que a releitura da moda anos 80.
Os anos 80 foram marcados pela competição entre homens e mulheres à procura de igualdade no mercado de trabalho. Destaca-se as mulheres entrando no mercado de trabalho e competindo por cargos de chefia e executivos, que antes eram ocupados apenas por homens. O figurino dessas mulheres era representados por peças de roupas com cintura alta, ombreiras, pregas e drapeados para usar tanto no dia-a-dia ou durante à noite. Os tailleurs eram os figurinos mais usados por essas mulheres, pelo simples fato de oferecer uma aparência poderosa e alinhada para as mulheres que estavam em busca de trabalho. Outro peça que também se destacou nos anos 80 foram os vestidos que valorizavam a cintura feminina, saias balonê e mangas bufantes. As fashion victims dos anos 80 não aceitavam o conceito igualitário do “belo para todos”. Em seus esforços para não seguir velhos caminhos da moda, muitos revisitam como clássicos as obras-primas ameaçadas da alto costura. Enquanto isso, novos operadores apressam-se em adquirir antigas marcas, e o público jovem transforma o velho em novo. Fala-se na roupa sob medida, em vestidos de baile, e nos antigos tempos.
Com seu brilho e suas despesas tão lucrativas para as indústrias de luxo, o mundanismo, de 1980 a 1990, volta a moda. Suas caricaturas não estavam mortas, apenas esquecidas. Com ele, os jeans triunfaram.
encerra-se o ciclo: os anos 90
Com os anos 90 encerra-se um ciclo da moda. Ela termina com o seguinte termo: minimalismo. Termo tirado do vocabulário da vanguarda artística dos anos 70, o minimalismo justificou a simplicidade levada ao extremo. As cores mais usadas serão branco, preto e bege, que dá um efeito elegante, porem monótono depois de um tempo, então depois veremos uma grande diversidade na moda. Mesmo com certos costureiros defendendo o vestido bonito e ornamentado, a concepção de uma mulher paramentada desapareceu. A rua estava ontem mais bem vestida do que hoje. Jamais a imagem vai valorizar, esculpir, e mostrar tanto uma anatomia cada vez mais asséptica em sua busca a perfeição.
A moda anos 90 foi influenciada pelos exageros da moda dos anos anteriores. Nessa década, foram lançadas as calças jeans coloridas e as famosas blusas segunda pele, que colocaram a lingerie à mostra. Com isso, a moda íntima ganhou destaque nos anos 90 e peças de lingeries foram criadas para serem usadas à mostra em diferentes materiais e cores. A década de 90 foi marcada pela diversidade de estilo, cada um respeitando o estilo do outro. A moda lançou tendências para atender os diversos tipos de consumidores e para todas as ocasiões. O estilo Grunge foi o grande influente nessa década, principalmente pelo seu estilo com calças despojadas, bermudas largas e camisas xadrez. Vale ressaltar que a camisa xadrez foi um verdadeiro sucesso no vestuário dos rapazes. As mulheres aderiram ao seu vestuário saias longas, calças pantalonas, as estampas de bichos como zebra, onça e cobra, sapatos com bico quadrado e blazers com modelagens acinturadas. O estilo das mulheres foi caracterizado com um toque de elegância básica. A maquiagem também foi revolucionada com batom marrom ou tonalidades cor de boca e o delineador. A moda anos 90 se caracteriza especialmente pela sua liberdade de expressão, os preconceitos e as barreiras foram sendo deixado de lado e desaparecendo de uma forma geral. As pessoas começaram a escolher as suas próprias roupas e estilos na medida em que se identificavam com as tendências de moda. Se a pessoa estava alegre, as cores vivas e vibrantes passaram a influenciar na hora de se vestir, mas se ele estivesse triste, escolheria roupas mais escuras para compor a sua produção. A roupa era uma maneira das pessoas expressarem o seu estado de espírito e sentido de vida. Em meados da década de 90, a moda passou a pesquisar por referências em épocas anteriores fazendo releituras da moda dos anos 60 e 70. Os anos 60 caracterizados pelas roupas em cores claras e tiaras e os anos 70 pelos seus calçados desproporcionais, plataformas e tamancos fechados.
Devido, a grande diversidade de estilo os estilistas tiveram mais liberdade na hora de criar suas coleções de roupas. O luxo das grifes internacionais passou a ter uma grande influência no figurino tanto dos homens como das mulheres. O estilo que mais se destacou nos 90 foi o licensing, uma nova forma de se vestir durante essa década, pois as pessoas possuíam mais liberdade de criar seu próprio estilo deixando-o muito mais personalizado. Elementos das épocas passadas também sofreram releitura como as saias curtas e longas, calças justas e largas, blusas e míni blusas usadas pelas mulheres. A camisa jeans que antes era considerado um peça “uniforme” dos anos anteriores que hoje passou a conquistar as pessoas das mais variadas idades.
Se nas décadas passadas as mulheres baseavam nas dicas do cinema e nos astros da música para se vestir, hoje, o ideal de beleza são as top models.
alexander mcqueen
O estilista britânico Alexander McQueen (1969 – 2010) revolucionou o jeito de fazer moda. Com uma criatividade imensa e incríveis habilidades, arquitetou roupas que foram além do vestir. Seus desfiles dramáticos e suas peças chocaram e encantaram o mundo da moda. Alexander McQueen é conhecido pelo uso de matérias-primas energéticas, bem como uma natureza romântica, porem contemporâneo em suas coleções. McQueen é a justaposição entre os elementos onde há contraste: a fragilidade e a força, tradição e modernidade, fluidez e intensidade. As suas criações, ao longo dos anos, viraram um símbolo de excentricidade e extravagância, criando uma nova leitura da arte contemporânea. O seu estilo, apesar do peso da alta costura britânica na sua formação, ficou consagrado por um certo toque de rebeldia e anarquismo. McQueen se utilizava do clássico para fazer uma desconstrução da arte; pegava peças comuns e a transformava com toques grotescos de uma natureza selvagem. Este fez com que suas criações se destacassem também no contexto da arte e cultura pop. Antes um menino de família pobre, criado nos subúrbios de Londres e que largou a escola aos 16 anos, agora virou um dos mais respeitados e celebrados designers de moda do mundo. O estilista já costurou para várias celebridades que fazem sucesso nos dias recentes, como Lady Gaga, Björk, Beyonce e Rihanna. O sapato Armadillo, com um grande salto de 25 centímetros, imitando as formas dos pés de um fauno, foi usado em um dos vídeos de música mais famosos de Lady Gaga, Bad Romance, e virou imagem de marca da cantora pop. Já Björk foi mais polémica e foi vestida de cisne morto na cerimônia do Óscar de 2001, o que foi uma das criações mais controversas de McQueen.
conclusão
O consumidor moderno é estético e consumista e faz questão de se alimentar de entretenimentos como a música, espetáculos, viagens, programas culturais, marcas e modas. A estetização pessoal tem um elemento importante e necessário, onde a moda tem novas tendências que valorizam a sociedade moderna e a vida estética.
Diferentemente do começo do século, hoje em dia nós vivemos em um mundo onde cada pessoa tem o seu estilo próprio. Os tempos hipermodernos se caracterizam pelo individualismo, pela busca da expressão de cada ser humana nas suas peculiaridades, e pelo estilo eclético, ou seja, todas as tendências que vimos nesse trabalho podem ser combinadas, revisitadas e modificadas.
Isso acontece pois em tempos hipermodernos vivemos em um capitalismo artista. O capitalismo é artista, estético, porque mexe com as emoções, com a percepção e com a sensibilidade, onde há uma produção em grande escala de bens e serviços, com finalidades comerciais, com componentes estético-emocionais, utilizando a criatividade artística para estimular o consumo mercantil. A moda artista então, agora é alimentada por ele.
A moda tem um papel fundamental na estetização do mundo que mora o capitalismo artista. Este movimento se inicia com as grand magazines, o reinado da alta-costura e as lojas de departamento. A isso se somam a criação da indústria do entretenimento (música, cinema, grandes espetáculos), a incorporação do design no dia-a-dia, a democratização da arte, e o desenvolvimento da publicidade. O consumidor de hoje é transestético.
Se por um lado, temos acesso a todo o tipo de consumo hedonista e que nos permite expressar a nossa individualidade, por outro lado o hiperconsumo estetizado traz um grande custo para o planeta. De acordo com o documentário “The True Cost” a indústria de moda é sustentada por um regime de semi escravidão em países como Vietnam, Índia, Bangladesh, etc. Além disso, a “fast fashion” (produção rápida e contínua de novidades) colabora para que a indústria da moda seja a segunda mais poluente do planeta. Os corantes são tóxicos, os coros são poluentes, e as roupas fora de moda não são reutilizadas.
Como dizia Coco Chanel, a moda sai de moda, o estilo não. O importante é aproveita a abundância de hoje para ter estilo e não para seguir a moda consumista e inconsciente.
Bibliografia
BAUDOT, F. A Moda do Século. 4a. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
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Para Vestir a Cena Contemporânea: Moldes e Moda No Brasil Do Século XIX. 1ª. ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, 2015.
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A Estetização do Mundo. 1ª, ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
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